Pesquisadores avaliaram 173 profissionais de saúde com Covid-19 na Espanha e constataram que, nove meses após a infecção pelo Sars-CoV-2, 92% deles apresentaram anticorpos dedicados a combater a proteína spike, que permite ao coronavírus infectar nossas células. Os resultados foram publicados na última segunda-feira (28), no jornal científico BMC Medicine.
A maioria dos voluntários teve quadros leves ou moderados da infecção. Entre os que ainda contavam com as células de defesa, 90% tinham anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), presente em todos os fluidos corporais; 76% ainda produziam imunoglobulina A (IgA), encontrada em grande quantidade nas mucosas; e 61% apresentavam imunoglobulina M (IgM), que costuma estar no sangue e no fluido linfático. Ao longo da análise, foram registradas quatro reinfecções.
“Os resultados obtidos até agora nos levam a acreditar que a imunidade ao Sars-CoV-2 vai durar mais do que pensávamos originalmente”, comenta Anna Ruiz Comellas, coautora do estudo, em comunicado.
Os dados apontam que houve uma duração prolongada de anticorpos IgG, embora os níveis de IgM também tenham se sustentado além do esperado. Outra constatação é que pessoas que precisaram ser hospitalizadas ou que manifestaram febre, perda de olfato e paladar mantiveram taxas mais altas de anticorpos de cinco a nove meses após o primeiro contato com o coronavírus.
Segundo Comellas, o estudo indica que a prioridade na fila da vacina deveria ser, portanto, quem ainda não teve infecção prévia. “Considerando que os níveis de anticorpos alcançados com a vacinação são geralmente mais elevados do que os gerados com a infecção natural, nossos resultados sugerem que a imunidade induzida pela vacina também será duradoura”, acrescenta.